quinta-feira, 29 de março de 2018


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CEIA DO SENHOR
*Aloísio Crepalde Lelis

Ao reviver os minuciosos passos da última Ceia do Senhor, somos convidados a entregar à misericórdia do Senhor a ponto de deixar cair por terra todas as mazelas do corpo e da alma.
Esta festa inspira a sermos mais sensíveis em relação aos nossos atos grotescos e impetuosos, o que nos distancia do Criador e até mesmo uns dos outros. Porém, para cearmos com o Deus-Filho é preciso se colocar no lugar de Cristo cingindo-nos com o manto da pureza que é capaz de transpassar noss’alma e assim despertar para a missão de lavar os pés uns dos outros como serviço à entrega do outro – o mais necessitado.
Todavia, neste século aonde impera atos desumanos, corrupção política, lixamento humano em sua totalidade, guerras espirituais etc., infelizmente ainda é muito difícil de se doar em prol do “outro” como o próprio Cristo o fez lavando os pés dos seus discípulos.
Como bem afirma Thomas Hobbes que “o homem é o lobo do homem”, ele está trazendo à tona aquilo que já existiu no passado e continua sobrepondo aos seres humanos tão individualistas, esquecendo que há outros ao seu redor e que não podem ser esmagados pelo sistema opressor. São pessoas crescendo às custas do suor de outras, sem se importar com seu status social e com suas deficiências sociais. Porém, vale a pena lembrar que quem sobe um dia desce normalmente conforme o curso da natureza humana.
Temos acompanhado nos meios de comunicação a classe de professores que vem lutando nos últimos anos e, mais intensamente nestes 20 dias com as paralizações em prol de mais apoio e valorização do profissional da educação. Como celebrar a Ceia do Senhor com estes que hora são massacrados e jogados à sarjeta como meros vermes sem valor para um sistema tão opressor que se diz humano e solidário a todos os cidadãos de bem? Como conseguir educar nossos filhos se não tem nenhuma garantia de vida profissional? São pessoas que trabalham a vida inteira em prol de obter uma vida digna, com a possibilidade de adquirir uma residência própria e manter seu nome limpo de qualquer dívida. Porém nem assim conseguem, porque passam a vida toda pagando contas e mais contas, impostos e mais impostos avassaladores e sequer recebem um salário digno. Enquanto isso...as classes políticas continuam juntando cofres de moedas adquiridas às custas daqueles que vivem só para devolver aos cofres públicos impostos e mais impostos.
É necessário, para celebrar esta grande festa cristã, estar sem as vendas nos olhos da humanidade a fim de lutar por direitos e deveres igualitários aonde todos possam conviver sem que haja a ganância e a injustiça social. Não precisamos de políticos corruptos, mas sim, de gente de bem capaz de olhar para todos com a mesma visão. Isso sim é poder celebrar a Páscoa da Ressurreição conforme Nosso Senhor Jesus Cristo nos ensinou e nos convoca constantemente.
Todavia, nós professores da educação humana ainda somos felizes, porque temos Deus no coração e podemos festeja-Lo conforme reza a tradição cristã de forma justa e consciente, sem necessitar sobrepor aos outros.
Feliz Ceia do Senhor! Feliz Páscoa da Ressurreição!

*Texto redigido no dia da Ceia do Senhor, aos 29 dias de março de 2018.